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Do impresso ao digital, a evolução do jornalismo sobre a ótica de Cleidiana Ramos

  • Farol Soteropolitano
  • 16 de jun. de 2021
  • 3 min de leitura

Por Bruna Bitencourt e Railson Oliveira


Para falar sobre as mudanças e os desafios de fazer jornalismo, tivemos a honra de entrevistar Cleidiana Patricia Costa Ramos, que nasceu na cidade de Cachoeira-BA, mas cresceu na cidade de Iaçu, e se formou em Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia no ano de 1998. Conquistou o mestrado em Estudos Étnicos e Africanos também pela Universidade Federal da Bahia em 2007 e o Doutorado em Antropologia na mesma instituição em 2013, Cleidiana também é escritora, professora universitária da UNEB (Universidade do Estado da Bahia) e co-fundadora da revista Flor de Dendê. Como jornalista, ela faz um trabalho especial no jornal A Tarde, a seção "A Tarde Memórias”, onde ela relembra coberturas importantes realizadas pelo jornal. Como escritora, escreveu os livros “Os caminhos da Água Grande” (1998) e “A janela de dona Ubaldina” (2004), além de ter participado de coautora em outras obras. Nessa entrevista Cleidiana Ramos falou sobre sua trajetória, sobre as possibilidades do jornalismo digital e a importância da memória no jornalismo.


Cleidiana Ramos fala sobre sua carreira e sofre os desafios de empreender no Jornalismo (Reprodução: Flor de Dendê)

Farol Soteropolitano: Você começou sua vida profissional em uma redação de jornal impresso, certo? Você acompanhou de perto a transição do impresso para o digital, quais dificuldades você enfrentou?

Cleidiana Ramos: Sim, eu tive algumas dificuldades, e ainda hoje tenho um certo delay, quando eu edito algum vídeo ou áudio, mas nada que atrapalhe muito o meu trabalho, porque jornalismo, independentemente de ser o digital ou o impresso, pelo que eu imagino, é a arte de saber contar uma história. A diferença é que são usadas algumas técnicas, porque o jornalismo é isso, a arte de saber contar histórias. Isso significa ouvir pessoas, dar voz a determinados grupos que não teriam outra voz e que não teriam como sair no jornal, principalmente quando o jornal é comercial.


Farol: Você que está acompanhando o jornalismo nesses dois formatos, acredita que o digital proporciona uma liberdade maior ao jornalista? Por exemplo, no digital você tem a possibilidade de se expressar de uma forma ‘mais aberta e direta’ do que no impresso ?

Cleidina: Não, o digital tem mais recursos, porém, quase nenhum veículo usufrui desses recursos que o digital o possibilita. Observem que não se exploram nenhum tipo das potencialidades dessa nova versão, do que eles permitem, e o que vemos é a transcrição do jornalismo de papel para o digital. O próprio radiojornalismo, agora que ele está começando a explorar o podcast, uma coisa que nos Estados Unidos já é utilizado há bastante tempo, e que os próprios gêneros híbridos como os memes, as reportagens em lista, os quiz, os gifs e etc, são muito poucos explorados nas reportagens. Continuam sendo um jornal impresso transportado para os portais. Fora o uso dos links, temos pouco avanço em relação a isso.


Farol: O surgimento do jornalismo digital possibilitou o acesso às memórias com mais agilidade e exatidão? Como isso se agregou ao jornalismo impresso?

Cleidiana: Sim. Por exemplo, o trabalho que realizo no jornal A Tarde, que é o A Tarde Memória, uma coluna aos sábados, onde extraio de matérias antigas novas narrativas. Isso só é possível devido à memória que o jornal tem, já que ele tem mais de cem anos de existência.


Farol: Qual a principal importância de manter a memória viva ?

Cleidiana: Nós humanos somos memória, necessitamos saber do nosso passado por diversos motivos, seja para aprender, relembrar um momento feliz ou triste e até mesmo para conseguirmos nos entender como seres humanos, por isso a memória é tão importante.


Farol: Quando surgiu a vontade de ser professora? De qual forma a docência agregou à sua atuação como jornalista?

Cleidiana: Uma coisa vai levando a outra. Antigamente na minha cidade para você cursar o Ensino Médio, tinha que ser técnico em Magistério, e por isso eu sou professora técnica de primeira a quarta série, e eu gostei de fazer apesar de que era obrigado. Quando a gente vai fazer mestrado geralmente tem o tirocínio, que é ter que ensinar e assumir uma turma. Essa coisa de ter voltado a ensinar não me afastou da área, me deu uma possibilidade de reflexão e informação fantástica, porque eu estou em uma estrada multidisciplinar e isso foi fundamental, e me fez me reencontrar com minha formação original, e me fez não ficar distante das teorias da minha área. Até para conversar do ponto de vista da Antropologia, às vezes, a teoria do jornalismo ou da comunicação me ajudam.


Cleidiana Ramos, sem dúvidas, soube se adaptar à transição do jornal impresso para o digital e ainda aprovou essa nova fase do jornalismo, já que ela se sente muito mais à vontade hoje em dia para escrever seus textos. Isso fica claro em sua fala de encerramento da entrevista:

No jornal impresso eu tinha limite para escrever, e agora no digital eu tenho a oportunidade de escrever de acordo com a necessidade do texto, sem medo de um anúncio chegar e eu ter que modificar todo o texto para caber na página do jornal”.

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