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Uma conversa com Marcello Chamusca sobre a nova “Escola de Comunicação da Ucsal”

  • Foto do escritor: Farol Soteropolitano
    Farol Soteropolitano
  • 20 de set. de 2020
  • 8 min de leitura

Atualizado: 11 de out. de 2020

Bruna Costa e Maria Viana


Batemos um papo pra lá de gostoso com Marcelo Chamusca, coordenador dos cursos de Comunicação da UCSal, que nos contou sobre sua vida, carreira e as adversidades ao formar profissionais em meio a uma pandemia, e o legado que os cursos de comunicação podem trazer para a história da Universidade.

"Meu projeto na UCSal não é ser tão somente coordenador, e sim fazer história com a criação de uma escola de comunicação, que possa ser além de um diferencial nacional também internacional".

PERGUNTA: O que te motivou a escolher a comunicação, em específico as Relações Públicas?

RESPOSTA: Na realidade não foi uma escolha muito natural não. Desde adolescente eu acabei me enveredando para o lado da música, eu era músico desde os 14 anos até mais ou menos os 30 anos, eu fazia música e não tinha nada a ver com comunicação. Mas o músico da noite ele sobrevive, quando eu me vi aos 30 anos andando a pé, com aquele monte de coisa na mão, não tinha um carro, não tinha uma condição, a única coisa que a gente (referindo-se a ele e a Prof. Dra. Márcia Carvalhal, que é sua esposa) viu de fato, que dependia só da gente, que ao contrário da música, ao invés de depender de produtora, etcetera e tal, dependia só da gente era estudar, era voltar a estudar. Então a gente botou na cabeça que a gente voltaria a estudar, e como era uma coisa do tipo: estamos voltando a estudar para ter mais perspectiva na vida, a gente escolheu Direito, claro né? (risos), o que mais escolher, pra quem tá a fim de segurança? Então era Direito. Direito ou Medicina, Medicina não tinha muito a ver com a gente, então Direito tava mais dentro da possibilidade. Aí, quando a gente se inscreveu no vestibular, não sei se ainda hoje tem aquela coisa de segunda opção, a minha pediu, então eu botei segunda opção, assim, eu não tinha segunda opção, era Direito ou Direito. Na hora tinha que botar uma segunda opção, aí eu olhei na lista e tinha lá: Relações Públicas, eu disse: ‘porra, esse negócio parece ser uma coisa decente pra se fazer’ (risos), da área de comunicação, tem a ver. Não é Jornalismo, que eu não quero ser Jornalista, não é Publicidade que eu não quero ser Publicitário, mas é da área de comunicação, deve ser alguma coisa interessante, ai coloquei lá, mas sem ter o mínimo conhecimento do que era a área. Eu terminei não passando nesse primeiro momento em Direito, acabei ficando numa lista de espera, mas disseram que se quiséssemos a segunda opção, já entraríamos automaticamente, tínhamos passado em outras instituições, a gente escolheu uma e fez, chegando lá com um mês e meio de aula, dois meses, a gente já estava tão apaixonado pela área, que a gente já criou aquilo que terminou sendo o grande diferencial na carreira da gente, que foi o Portal RP Bahia.”

PERGUNTA: Qual o diferencial dos cursos de comunicação da Universidade Católica do Salvador?

RESPOSTA:Bom, temos vários diferenciais na realidade, eu acho que talvez um dos mais importantes, seja de fato a estrutura laboratorial, alguns dos nossos estúdios e laboratórios são muito diferenciados, que você não vai encontrar na Bahia, nada parecido, o segundo diferencial é que temos um corpo docente bem qualificado, com titulações muito altas, muitos doutores, muitos mestres, e não tem especialistas, só mestres e doutores, são profissionais com grande experiência de mercado e muita experiência acadêmica. O terceiro diferencial, que aí eu digo pra você que é um diferencial incrível, que é o nosso projeto pedagógico, ele é muito diferente, se você parar pra analisar ele tem alguns dos elementos mais importantes de qualquer tipo de avaliação dos órgãos de regulação para a educação superior, a gente tem a integração, a questão do empreendedorismo está muito presente em várias situações, a empregabilidade, ou seja, a possibilidade que o curso traz de qualificação profissional, tudo que vocês aprendem vocês põe em prática, tem a internacionalização, a aproximação com o mercado, aproximação teoria e prática, pesquisa e a técnica. O PIT (Projeto Interdisciplinar e Transdisciplinar) é um projeto agregador e inovador, e que, quase todas as universidades de respeito, tem um projeto interdisciplinar, mas o nosso é transdisciplinar, isso dá amplitude e visão de mercado. E aí a gente tem, digamos assim, um quarto diferencial que eu acho que, esse ai seja uma coisa menos tangível, porque se trata de uma coisa abstrata, mas tá no nosso projeto pedagógico também, que é tratar a questão da diversidade como elemento central de comunicação, então tudo que a gente pensa a diversidade está presente, mas assim, duas coisas mais concretas também, primeiro: pesquisa, a gente tem mais pesquisa que qualquer outra universidade privada do Brasil, entre os cursos de comunicação não tem nenhuma que oferte tantas possibilidades de pesquisa quanto a gente, e extensão, temos 7 projetos de extensão em andamento, ou seja, que envolva a relação da nossa comunidade acadêmica com a comunidade externa.”

PERGUNTA: Qual a importância da chegada do curso de Jornalismo na UCSAL? Foi ideia sua?

RESPOSTA: “Sim, foi uma ideia minha. Quando eu cheguei, na realidade, eu vim com esse projeto, da gente ter uma escola de comunicação, eu fui convidado para ser coordenador do curso de Publicidade, que era o que tinha na UCSAL na época, mas aí ao ser convidado, eu disse: ‘eu posso propor outros cursos? Na sequência, e tal de comunicação, pra gente criar a área mais forte?’ Pode, tem carta branca pra você agir. Meu projeto na UCSAL, não é ser coordenador de curso, é fazer história, é criar uma escola de comunicação que possa ser primeiramente um diferencial nacional e depois ser um diferencial internacional. O curso de Jornalismo era pra ter entrado em 2019.1, mas como houve na transição do semestre uma mudança de pró-reitor, então terminou que isso ficou adiado para 2020.1, a gente fez uma grande pesquisa para poder trabalhar, levamos vários jornalistas, para debater a grade do curso, tanto jornalistas de mercado, como professores de Jornalismo. Então pra mim era uma dívida histórica que a universidade tinha com a sociedade, no meu modo de ver não tem como uma instituição oferecer algum curso de comunicação, sem que ofereça Jornalismo, é fora de questão, porque, das áreas de comunicação é a que tem mais destaque, é a que mais contribui para sociedade, a que de fato inclui a universidade no âmbito da comunicação como um todo.”

PERGUNTA: Quais os impactos que os cursos de comunicação trazem para o legado da universidade?

RESPOSTA: “A área de comunicação talvez seja a que mais contribui para a universidade, várias das atividades de comunicação que são feitas ali. são feitas pelo próprio curso, eu acredito que a gente contribua mais do que todos, a gente tem uma estrutura de vídeo muito boa. a gente tem uma estrutura de áudio muito boa, uma estrutura de foto muito boa, então por exemplo, boa parte da produção das ASCOM é feita com os nossos equipamentos, então os cursos de comunicação oferecem muito mais, fora dizer que são os cursos que tem o corpo discente, os alunos mais alegres, mais entusiasmados e que mais dão vida ao campus de Pituaçu, o que seria do campus de Pituaçu sem os estudantes de comunicação, não é verdade?” (risos)

PERGUNTA: Como você define a sua forma de coordenar os cursos?

RESPOSTA: “Bom, não sei se eu tenho muita convicção desse formato mas eu diria que é, quer dizer, pelo menos eu tento não sei se eu consigo ser da forma mais co participativa possível, tanto com o corpo discente quanto com o corpo docente, geralmente eu não tomo decisões sozinho, eu sempre compartilho, geralmente eu ouço os estudantes antes de tomar as decisões e geralmente os professores participam ativamente dessas decisões também, sendo que a gente tem um núcleo docente estruturante e eu faço a gestão participativa e colegiada, fora isso eu tento fazer com que a minha coordenação seja empática, eu acho que a empatia marca minha coordenação, eu tento humanizar ao máximo a minha coordenação, busque a resolução de problemas da comunidade que trate de assuntos de fato importantes para a comunidade e que a gente consiga uma relação de proximidade, a grande maioria dos meus alunos, pra não dizer todos que eu posso talvez errar um ou dois, eu poderia até me arriscar dizendo que eu conheço todos os meus alunos e chamo todos pelo nome e não quero perder isso mesmo quando o curso crescer mais. E um elemento central que eu sempre falo também, eu busco a felicidade dos alunos, pra mim se meus alunos e meus professores estiverem felizes, pronto, eu já estou cumprindo boa parte da minha função ali.”

PERGUNTA: A inclusão do curso de Jornalismo trouxe adversidades em relação a estrutura dos outros dois cursos?

RESPOSTA: ”Trouxe sim, porque na medida em que eu fiz esses eventos com os jornalistas convidados, que a gente foi ouvindo as pessoas, foram feitas algumas sugestões para a matriz de Jornalismo, que como eu disse, influenciou nas matrizes anteriores, por exemplo, uma das disciplinas que quem terminou trazendo para a matriz foi Jornalismo, falando de disciplina geral, é Comunicação Guiada Por Dados, uma disciplina do sexto semestre que entrou depois que Jornalismo entrou. influenciou também no projeto pedagógico dos outros cursos, a modificação do PIT de um artigo científico para uma revista foi influenciado pela chegada do Jornalismo.”

PERGUNTA: O que é esperado do “novo normal” pelos cursos de comunicação da UCSAL? Em relação a formação de profissionais durante uma pandemia.

RESPOSTA: Bom, de um modo geral, na comunicação as coisas acontecem de um modo anormal, digamos assim (risos), então o que acontece nesse momento pra gente é que a gente tem um novo anormal, ou seja, aquilo que a gente tinha de anormalidade natural da comunicação que são as loucuras que os nossos professores já faziam antes, e o que é pior, envolvia vocês também nas loucuras, sendo que muitas dessas loucuras partem de vocês também, a gente já tava um pouco fora da caixa na universidade, digamos assim. A gente teve que repensar, com o carro andando porque a gente já tinha um mês e meio de semestre, trocar o pneu, como o pessoal fala, com o carro andando, mas como a gente já tinha obviamente que uns professores mais e outros menos, mas já tinha uma inserção bem grande nessa ambiência e a gente já usava essas ferramentas da google, então os professores já estavam adaptados essa adaptação foi um pouco mais tranquila para nós do que para a maioria, a gente não parou um dia, os professores estavam preparados pra isso, fiz reunião com eles, a gente tentou testar as ferramentas. Mas no final das contas, como coordenador e com as reuniões do NDE que a gente fez ao longo do semestre inteiro e depois no período de recesso a gente fez muitas avaliações, a gente percebeu o seguinte, que por incrível que pareça, academicamente falando a gente teve avanços ao invés de perdas, a gente conseguiu aumentar muito a curva de aproveitamento dos alunos nesse semestre que passou agora em 2020.1, em relação aos semestres anteriores, ou seja, a grande maioria dos alunos melhorou o seu desempenho.”

PERGUNTA: O que a pandemia trouxe de aprendizado para você, Marcello Chamusca?

RESPOSTA: “Eu acredito que, primeiro, é uma percepção que eu já tinha, não é um aprendizado, mas uma confirmação de que independente de qualquer tecnologia, ou de qualquer coisa que a gente possa ter que nos apoie ou não, a força da experiência, a força do conhecimento acumulado, a força das diversas possibilidades que você traz com você pelo seu conhecimento isso não tem cenário que mude então eu acho que isso foi uma confirmação muito grande, eu vi, por exemplo, professores esse semestre que não são afeitos a tecnologia e que tiveram desempenhos ótimos. Não adianta eu dominar as técnicas e os dispositivos como ninguém, se eu não tenho o que dizer. Eu creio que uma das coisas mais importantes nesse momento também foi a gente perceber que no final das contas que a gente não tem nada, que a gente não é nada na vida, que qualquer víruszinho que a gente mata com água e sabão pode mudar a vida da gente completamente. Nada que acontece em qualquer lugar do mundo está longe o suficiente da gente, a gente deve dar importância, sobretudo se isso envolve a vida das pessoas.”

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