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Sejamos todas um pouco Helena - Leia Machado de Assis

  • Foto do escritor: Lathara Veríssimo
    Lathara Veríssimo
  • 21 de set. de 2020
  • 2 min de leitura

Lathara Veríssimo


O pai viúvo de uma rica família morre, deixando em seu testamento uma grande revelação: a existência de uma filha fora do casamento. Seu último pedido é que ela seja tratada como membro amado da família.

Para seu filho, até então único herdeiro, trata-se de um desejo que ele precisa atacar em respeito à memória de seu pai - receber a irmã com todo afeto possível. Para a irmã do falecido, essa nova sobrinha vem com uma grande e preocupante incógnita. Mas Helena chega e quebra absolutamente todas as expectativas e conquista praticamente todos do convívio da casa.


Traz em seu protagonismo uma mulher menina forte, inteligente, afetuosa e extremamente sagaz. Uma língua corta como navalha e usada exatamente nos momentos ideais para suas colocações. Em muitos momentos do livro, sequer lembramos que ela ainda é uma adolescente.


Durante anos, tive um grande preconceito em relação aos livros de Machado de Assis. Mas minhas mais recentes experiências e uma pressão enorme de um grande fã (o dengo) acabaram me convencendo a iniciar a leitura. E tenho que dizer com certeza que todos temos que ler suas obras ao menos uma vez na vida.


Um dos maiores problemas que achei que encontraria seria a escrita do autor. Como eu leria um autor do século XIX, ainda mais sendo ele um grande romancista clássico? O irônico é que adoro Luís de Camões (séc. XVI) e Allan Poe (séc. XIX). A palavra clássico assustava - às vezes ainda assusta - e o fato de ser brasileiro também teve um peso de julgamento. Pois boa parte da literatura dita clássica utiliza um linguajar complicado e sofisticado que para mim é uma grande novidade.


Mas não é nada disso, diferente do que sempre achei, a linguagem do nosso maior autor nacional é simples, direta e apaixonante. Você se pega a cada linha se aprofundando mais na história e ansioso pelo desdobramento. Helena sem dúvidas é uma das histórias mais marcantes.


A riqueza da obra traz críticas e reflexões sociais que só são lidas por quem enxerga as possíveis e impossíveis camadas que vem nas entrelinhas de cada parágrafo. Cenas da rotina de Helena são descritas por ela como parábolas que dizem muito mais do que as palavras escolhidas.


Ler Helena, ou qualquer obra do autor, é ler o livro e muito mais, coisas que Machado dizia sem de fato dizer. E isso vinha sem omitido para alguns desatentos leitores dentro da subjetividade de cada frase que traz tanto seu significado mais simplório, como a mais profunda crítica social e filosófica.

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