“DOIDO DO GÁS” AFIRMA QUE, SE ELEITO, O PREÇO DO BOTIJÃO NÃO PASSARÁ DE R$ 50,00

Lucas Pacheco

No último dia 27/09, foi dada a largada para as eleições municipais em todo o país. Pelas normas do Tribunal Superior Eleitoral, os nove candidatos que disputam a prefeitura de Salvador já estão autorizados a colocar seus blocos na rua e fazer campanha. Entre eles, Manoel Isidório de Santana Júnior, o folclórico Pastor Sargento Isidório (AVANTE), que em um evento da Universidade Católica do Salvador (UCSAL), afirmou que, se eleito, não irá permitir que o preço do botijão de gás ultrapasse o patamar de R$ 50,00.

No painel “Salvador Pós-Pandemia”, live promovida pelos cursos de Comunicação da UCSAL, no final de setembro, o candidato afirmou que, se for eleito prefeito da primeira capital do Brasil, “ninguém vai vender gás por mais de R$ 50,00 dentro de Salvador, porque isso é roubo, é máfia. Vou botar a Polícia Federal, o Ministério Público. Então, não é o palhaço do botijão de gás. Não vou permitir o que está acontecendo aí de jeito nenhum. Nós temos projeto já em Brasília nessa área”.

Aliás, quem conhece Isidório de longas datas, sabe que em quase todas as campanhas políticas nas quais disputou cargo público, a redução do preço do gás sempre foi uma de suas bandeiras. Seja disputando o cargo de prefeito (como em 2012, quando tentou ser eleito em Candeias e em 2016 e neste ano em Salvador) ou deputado, o pastor sempre leva nas costas um botijão e critica o preço alto na Bahia, prometendo recorrentemente diminuí-lo, mesmo não sendo atribuição de prefeito ou de deputado, razão pela qual foi apelidado por eleitores e opositores de o “doido do gás”. Não é à toa que um trecho do seu jingle no pleito deste ano diz “Agora é a vez do doido, doido por Salvador”.

Eleito deputado estadual pela primeira vez em 2002, Isidório, já naquela época, andava com um botijão de gás nas costas e chegou à Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) defendendo “buscar junto ao governo Federal e Estadual parcerias para subsidiar a produção de pães e fornecimento de alimentos, incluindo gás de cozinha a preços acessíveis, visando diminuir o custo e baixar os preços destes produtos, usando também PPP (Parceria Pública e Privada) tão essenciais para alimentação das famílias mais humildes de Salvador”.

Já em 2013, o então deputado estadual denunciou, durante uma sessão da assembleia itinerante, em Camaçari, que existe um cartel de comercialização do gás de cozinha na Bahia, que vende um recipiente por R$ 45,00, quando esse mesmo produto sai da refinaria Landulfo Alves, em Candeias, por quatro vezes menos, a R$10,60, afirmando que a Policia Federal deveria investigar e punir os envolvidos.

Sem esclarecer os motivos, nos últimos anos o político trocou o velho botijão de gás por um protótipo mais leve de se carregar. Fato curioso é que esse protótipo, sabe-se lá o porquê e como, já desapareceu quatro vezes durante eventos políticos públicos e mesmo dentro da Assembleia Legislativa da Bahia.

Em 2015, durante uma sessão da ALBA, o então deputado estadual acusou pares da assembleia, sem citar nomes, de sumirem com a sua Bíblia e com a réplica do botijão de gás. “Todo mundo sabe que eu sempre trago minha Bíblia. Eu não mexo com a fé de ninguém. A minha réplica de botijão está desaparecida pela quarta vez. [...] Gostaria de pedir, por favor, que devolvam meu apetrecho de vida política e minha Bíblia”, bradou. Diante do acontecido, o então presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), se solidarizou com o deputado, minimizando a “brincadeira”. “Quem por acaso, por equívoco, pegou a Bíblia e o botijão, devolva o patrimônio político do nosso caro colega”, pediu.

Quanto ao preço do gás de cozinha na Bahia, a Petrobras reajustou, em julho, o preço médio do GLP (gás liquefeito de petróleo), em 5%, nas suas refinarias. Com isso, o preço médio do botijão de 13 kg para as distribuidoras passou para R$ 26,55. Já para consumidor, está custando, em média, de R$65 a R$80, podendo ultrapassar os R$100 em algumas localidades. Ainda, segundo o Ministério de Minas e Energia, o consumo de gás de cozinha aumentou 23% no Brasil devido ao isolamento social decorrente da pandemia de COVID19.

Na disputa pela prefeitura de Salvador, nas últimas três pesquisas eleitorais divulgadas entre o final de setembro e o início de outubro, o deputado é o candidato de oposição melhor posicionado, oscilando entre 10 e 12 pontos percentuais, atrás apenas do atual vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), que possui entre 38% e 42% das intenções de voto.