As habilidades e profissões do futuro
- Lucas Pacheco
- 20 de set. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 11 de out. de 2020
Como a Escola de Comunicação da UCSal tem se adaptado a essas mudanças.
Lucas Pacheco

Em janeiro deste ano, um relatório elaborado pelo Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, em parceria com cientistas de dados das empresas Burning Glass Technologies, Coursera e Linked, intitulado JOBS OF TOMORROW – Mapping Opportunity in the New Economy, apontou uma lista das novas profissões do futuro, bem como das habilidades exigidas por elas. E, todas essas novas habilidades estão presentes no objetivo, no planejamento e no cronograma dos cursos de comunicação da Universidade Católica do Salvador (UCSAL).
Segundo o professor Marcello Chamusca, coordenador da Escola de Comunicação da UCSAL, em live realizada com os alunos durante a Semana de Acolhimento do início do semestre 2020.2, essas habilidades são, na verdade, as atividades feitas dentro da comunicação. Ele afirma “Percebam que todas essas habilidades são desenvolvidas nos nossos cursos de comunicação e algumas são, especificamente, habilidades da área de comunicação propriamente dita”.
Mas, quais são essas habilidades? O relatório aponta: Marketing Digital, Mídia Social, Administração de Negócios, Alfabetização Digital, Publicidade, Marketing de Produto, Vídeo, Design Gráfico, Liderança e Escrita. E, com essa previsão de novas profissões e habilidades, é consenso que o modelo de universidade construído ao longo dos últimos anos está em xeque, já que a ideia predominante na sociedade quanto à razão de existir da instituição de ensino superior é a de que o objetivo principal dela sempre foi a preparação dos estudantes para o mundo do trabalho. E, uma vez que essas mudanças para o futuro já batem à porta e os novos trabalhadores necessitam acompanhar a demanda exigida pelo mercado, as universidades precisam inserir as atualizações pedagógicas necessárias a garantir o trabalho e a empregabilidade do futuro.
Após destacar que o foco dos cursos de comunicação da Universidade Católica do Salvador está na combinação entre o social e o digital, o professor Marcello completa, dizendo que “A moral da história pra mim é a seguinte: Quer mesmo ter algum futuro profissional, independente de qualquer outra profissão que você escolha? Se forme primeiro ou, se você já é formado, também, em Comunicação. Afinal, todas as 10 habilidades que se projeta para o profissional do futuro, são habilidades, de fato, desenvolvidas no âmbito dos cursos de comunicação. Então, isso nos deixa muito feliz de ver que a gente, de fato, tem uma inserção muito grande nesse mundo pensado para o futuro, na nova economia, desse novo mundo e que a gente está presente de uma forma tão forte”.
Helena Pabst, professora das séries de ensino médio dos maiores colégios de Salvador, de cursos pré-vestibulares e que lida diariamente com o preparo dos jovens profissionais do futuro, assinala que o surgimento de novas profissões e habilidades é uma tendência comum na sociedade e que “Tanto a escola quanto a universidade são basicamente instituições que trabalham as formações pessoal e profissional do indivíduo; são elas as responsáveis para preparar esses novos profissionais. Para isso, devem também estar atualizadas para, assim, oferecer um ensino não somente teórico, mas, sobretudo, prático de modo a desenvolver no estudante as habilidades exigidas pelo mercado.” Ainda, o Fórum Econômico Mundial apresentou uma lista de 96 profissões dentro das sete áreas analisadas, com destaque para a tecnologia (Informação, Dados e Engenharia), marketing e conteúdo e Economia Verde.
A lista é extensa, variando de 05 a 28 por área, porém algumas em especial chamam a atenção pela, hoje, peculiaridade. São exemplos: Na Saúde (15 novas ao total): Especialista em Transcrição Médica e Preparador de Equipamentos Médicos. Em Dados e Inteligência Artificial (10 novas): Desenvolvedor de Big Data e Analista de Insights. Já em Engenharia e Computação em Nuvem (14 novas): Engenheiro de Estabilidade de Site e Engenheiro de Nuvem. Em Economia Verde (15 novas): Técnico de Serviços de Turbinas Eólicas e Vendedor Verde (Green Marketers). Em Pessoas e Cultura (05 novas): Especialista em Aquisição de Talentos. Em Desenvolvimento de Produtos (09 novas): Product Owner. E em Vendas, Marketing e Conteúdo (28 novas): Assistente de Mídia Social, Especialista de Sucesso do Consumidor, Coordenador de Mídias Sociais e Gerente de Growth.
De acordo ao resultado apresentado pelo Fórum Econômico Mundial, em cada uma das sete áreas analisadas (Saúde, Dados e Inteligência Artificial, Engenharia e Computação na Nuvem, Economia Verde, Pessoas e Cultura, Desenvolvimento de Produtos, Vendas, Marketing e Conteúdo), foi feito um estudo com base em uma “escala de oportunidades”, construindo uma projeção numérica surpreendente de novas vagas de postos de trabalho pelo mundo.
Somente até dezembro deste ano, a estimativa é que tais profissões representem 506 oportunidades em cada 10 mil. A previsão para 2022 é o aumento para 611. Em números absolutos, o relatório aponta a possibilidade de criação de 1,7 milhões de novas oportunidades apenas em 2020 e 6,1 milhões até 2022.
No contexto da chamada Quarta Revolução Industrial, é consenso que as inovações introduzidas pela robótica, automação do transporte, inteligência artificial e aprendizagem automática, somadas a fatores sócio econômicos, geopolíticos e demográficos, farão com que postos de trabalho humano sejam substituídos pelas novas tecnologias e com que boa parte das profissões existentes seja submetida a profundas transformações.
A professora Helena Pabst afirma que “Essa tendência de surgirem novas carreiras já é algo recorrente, uma vez que as profissões vão surgindo de acordo com a demanda social, do mesmo modo que elas são extintas quando não atendem as necessidades de uma sociedade. Como vivemos em uma era tecnológica, mas, ao mesmo tempo voltada para o ser humano e a própria natureza, não seria estranho pensar que as profissões do futuro estivessem voltadas a essas áreas.”
Entretanto, considerando esse universo considerável de 96 profissões, o relatório chamou a atenção do mundo inteiro pelo fato de, mesmo diante da chamada Quarta Revolução Industrial, na lista de novas profissões não há um domínio significativo da tecnologia, o que era bastante esperado, já que, ao falar de futuro, não se o imagina sem a massividade tecnológica.
Neste aspecto, Helena destaca a importância da necessidade de habilidades humanas para o profissional e acredita que a habilidade tecnológica constitui sim um dos requisitos para o profissional do futuro, uma vez que essa área está em franca expansão, razão pela qual, hoje, muitas empresas do ramo ofertarem vagas, embora não haja profissionais qualificados para preenchê-las. E completa: “Desse modo, cada vez mais a tendência é exigir qualificações específicas desse profissional. No entanto, percebo que, se ele não tiver desenvolvido habilidades de trabalhar em grupo e interessar-se pelas preferências individuais, ou seja, conhecer o ser humano – seja como paciente ou como consumidor – esse profissional não será um profissional completo e, por conseguinte, não será absorvido pelo mercado.”
Vale ressaltar que em março de 2019, o Fórum Econômico Mundial já havia apresentado outro relatório discutindo as novas habilidades para os profissionais do futuro, destacando que o diferencial seriam as habilidades humanas, aquelas que a tecnologia não tem capacidade de possuir e de por em prática, como criatividade, inteligência emocional, inteligência cultural e diversidade e colaboração.
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